quinta-feira, 23 de abril de 2015

Dê a Cézar .......... !!!!!

Dê a Cézar .......... !!!!!
A edição do BBB-15 trouxe ao público dois bons exemplos de brasileiros: Cézar e Adrilles.
A fórmula do programa tem validade já vencida, todavia se arrasta e dá magnífica contribuição financeira ao Grupo Globo em razão da cultura tupiniquim que tende a potencializar o gosto pelo trivial populesco.
A saída prematura de Adrilles, tido como um dos favoritos ao prêmio, deixou um vazio que era preenchido pela intelectualidade, sensibilidade à flor da pele e um discurso rico, metafórico e poético que rimava absoluto dentro do coração gentil do brasileiro. 
Um poeta na mais pura expressão.
Em contra-partida ,permaneceu na casa mais vigiada do Brasil , a figura humilde, também culta, transparente e políticamente correta do pseudo ogro Cézar, que tem a virtude ímpar da exuberância dinâmica-oral que encanta a todos e permite fazer vislumbrar nele um autêntico, leve e brasileiríssimo Jeca, revestido com um inocente humor, grande religiosidade, preservador do valor familiar e ferrenho estudioso.
Portanto, que se dê a César o que merece ser de César: a vitória. 
Sidney Tito

A Ostra.

A Ostra.

O mar revolto surrava violentamente a pedra. As onda fortes subiam e desabavam sobre a pedra e a ostra. A espuma em forma de véu de noiva faziam-nas desaparecer momentaneamente. A ostra agarrada à pedra era a que mais sofria.
_ Estúpido ! Grosso ! Tolo ! Imbecil !
Assim desabafava o molusco. Indiferente ao protesto do animal, o mar atacado de fúria, castigava e ampliava seus açoites, não permitindo trégua.
No decorrer do seu desabafo – única ação que lhe era permitida – a ostra recordava do tempo em que ainda era uma “criança”. Naquela época o mar apaixonado pela rocha demonstrava todo seu encanto, sua suavidade e o seu amor. Ele osculava a pedra carinhosamente e se aproveitando do seu enorme volume a enlaçava em seus braços sem fim. Com seus lânguidos e frenéticos beijos deixava a amada em total êxtase. Ele a possuía por inteiro: o prazer da rocha era quase interminável.
Apesar de a ostra não possuir um completo conhecimento das ações e reações do mundo à sua volta, conseguia dominar, compreender e entender de sentimentos. Sabia da vida e da morte. Do sorriso e das lágrimas. Só não conseguia - ainda – entender essa transformação quase assassina do mar. No seu diálogo com a amiga, escutava seus lamentos, suas queixas e as angústias por ela desfiada. Tinha-lhe amizade de longos anos e quase um amor filial, pois, a rocha tinha sido seu berço, seu lar, seu abrigo. Ambas sofriam e só tinham uma à outra e o sol por testemunha.
A brisa da noite, tentava avisá-las e sussurrava sempre: “ciúmes de você, ciúmes de você”. Todavia, nada mais esclarecia. As amigas divagavam e teciam inúmeras conjecturas, porém, uma só se configurava como mais evidente: o mar tinha ciúmes do convívio da rocha com a ostra.
-“Bobagem”- ambas diziam, todavia a incerteza ou o medo de reconhecer a verdade montou morada no pensamento das amigas.
Ao longe, um barco pesqueiro recolhia as redes bem servidas de peixes. Os pescadores fumavam, bebiam e cantavam felizes, pois a sorte os haviam premiados com excelente pesca – Salve São Pedro !
Um golpe certeiro de lâmina afiada desgruda a ostra da pedra. O molusco sabia do seu destino, porém não poderia determinar o momento. Apesar do ocorrido – triste para ela – sentia-se aliviada, pois assim o mar voltaria a ser como outrora. Sua amiga sentiria – outra vez - as carícias do amado, contudo não garantiria a correspondência afetiva da rocha para com o mar.
A noite se vai e surge um novo dia. Assim como surge um novo dia, surgem também novas promessas, novas situações, novas decisões e novos rumos. Vidas que se transformam, sonhos que se concretizam, frustrações que surgem. O tempo passa....
Outra ostra se encrava na velha rocha. O mar vem , beija a amada , a ”possui” e contrai novas núpcias. É apenas um novo recomeçar. A nova ostra começa a crescer e, à medida que cresce, o mar se agita e passa a ser furioso. Ciclo que vai, ciclo que vem, tal qual a roda da vida.
Sentado sobre a rocha está um homem com olhar distante e embaçado. Em suas mãos uma carta amassada. O pensamento do homem está em ebulição demonstrando um inconformismo. Limpa o nariz e os olhos tomados por coriza e lágrimas. Na carta há uma frase grifada:
“seu ciúme me sufocou e matou o amor que nutria por você; chega ! Não há volta.
O homem mergulha no mar. Dá vigorosas braçadas e retorna ao ponto inicial. Acomodado, relaxa e reler, pela última vez, a carta. Reconhece o erro e admite a separação: fui um tolo. O ciúme me fez cego, bruto e demonstrou o quanto fui egoísta e irracional.
O mar observa o intruso e invasor e monta uma nova e gigantesca onda. A onda lava a rocha e traga, para sua profundeza, o homem e a carta e assim sepulta mais um caso de amor desfeito. Só o céu por testemunha.
A rocha, devidamente convicta da agressividade do mar, toma a decisão de servir de colo para outras ostras .Decide desafiá-lo. De tanto apanhar criou fendas que serviam de seguros refúgios para as ostras amigas. Amedrontada e castigada apelou para Netuno, que demonstrando poder e autoridade “ralhou” com o filho agressivo. O mar finalmente compreendeu que não mais existia amor entre a rocha e ele. Aconselhado também pelo vento e pelo sol se fez brando e chorou lágrimas bem salgadas.

Herói da Resistência.

Herói da Resistência.
Babilônia.

Quem insiste e persiste tende a conquistar seu intento. Com a Globo não foi diferente, pois a mensagem, a indução e a quebra de tabu aos preceitos tradicionais de respeitabilidade e religiosidade invadiram os lares e os seios da família e tende a "popularizar" a conduta homofóbica como sendo uma prática absolutamente normal.
Jamais fui contra os homofóbicos, tampouco carrego o preconceito, pois tenho grandes amigos e amigas inseridos e tidos como tal, todavia continuo firme e totalmente consciente no sentido de não me deixar influenciar e dominar-me pela "tendência" exibida e praticada por esses personagens.
Entendo e respeito a opção sexual de qualquer cidadão ou cidadã, todavia não aceito a ação poderosa e massificante exercida pelo grupo impulsionado pela mídia e novelas globais que batem e rebatem na tecla da insistência, querendo tornar o fato como ato corriqueiro e simplesmente banal, onde o "exceção" se sobrepõe ao normal.
Temos que andar a passos lentos, cuidadosos e cautelosos para não afrontar a sensibilidade da população. Há de se ter respeito com esse grupo, mas ter deles e exigir também o mesmo respeito e fazê-los sentir que o mundo não é cor de rosa e que há milhares e milhares de outros tons.
Não posso e serei o último herói da resistência a não querer aceitar, o modo agressivo e abrupto, permitir que o côncavo se torne convexo, que a banana consuma o macaco ou que o poste urine no cachorro. Tudo tem seu tempo ! Sabe-se que o fogo lento tende a fundir o ferro duro.
Rápido assim, não dá !
Sidney Tito.

S O N H O S.

S O N H O S.

O homem acorda suado. Olha para o lado e sente-se frustrado, pois não vê a mulher que povoou seus sonhos. O sonho tão real o faz recordar que o relacionamento entre ambos está definitivamente enterrado no passado. Para ele só existe o futuro, não estando registrado ou projetado qualquer tipo de ligação afetiva. A certeza tem o sinônimo de decisão tomada. Ledo engano!
Levanta-se. Refresca-se e fica a vigiar a rua erma. As folhas das árvores projetam sombras com formas diversas. As luzes bruxuleavam e as mariposas bailavam em redor das lâmpadas não deixando evidências de que se queriam aquecer ou simplesmente fazer-se mostrar para quem as quisessem ver. Os seres, ditos irracionais, são movidos também pela vaidade. Os pavões abrem-se para mostrar a exuberância da sua plumagem. O galo garnizé assume papel de um autêntico mestre-sala na dança de proteção e conquista às galinhas. Aplausos para ambos!
O personagem volta à cama. Entre o torpor do sono e o flutuar do sonho as figuras se entrelaçam não se podendo afirmar claramente o que seja real ou fruto da imaginação.
O devaneio o faz transportar, sem qualquer ônus, para o Reino de Cordel, onde o Mestre Vitalino rapidamente conquista sua afeição e respeito. 
Das mãos mágicas do artesão surgem cinderelas, cavaleiros, serpentes, carrancas e soldados. Na tabatinga são moldadas figuras inúmeras que tomam vida, dançam, lutam e ganham o Céu. No agreste povoado por calangos, serpentes e roedores famintos surge a imponência do Juazeiro que impera altivo e a que todos obedecem, portanto, ali fica a entrada e a saída do mundo do faz-de-conta.
O sonhador, deitado na rede, toca a viola e curte a vida boa. Bem próximo ao Juazeiro o algodoeiro exibe sua flor de cor alva. Uma lufada de ar quente rouba a flor que, na queda rumo ao solo sedento, executa várias piruetas. O homem para de tocar a viola e extasiado vê surgir da flor, completamente nua e com dotes de deusa , sua eterna tentação amorosa.
Cabeleira loura, olhos claros, boca sensual e dentes de puro marfim. Os seios apontam para o sol escaldante. A cintura fina faz contrastar com as duas pernas roliças e longas. Na junção das grossas coxas uma pequena região cor de ouro se deixa mostrar. È o princípio do abismo no qual está o tempero do amor, do delírio, da paixão, da perdição, da redenção, do bem, do mal e da prisão sem grades. Neste abismo o sonhador carece da razão: simplesmente enlouquece e geme lânguido sem sentir dor.
O homem outra vez acorda assustado. O sol bate-lhe no rosto o chamando para a vida. Sabe-se que se pode fugir dos sonhos, porém, jamais da realidade.
_ Puxa vida ! Que sonho louco! – resmunga, ainda sonolento.
O transcorrer do dia não lhe foi diferente dos demais, porém o sonho da noite anterior o cutucava tal qual o espinho à flor da pele: se forçasse, doía mais. Esse seu estado de espírito o fez adentrar na igreja. O silêncio o confortava. Para ele o momento era de profunda reflexão. Sentia-se protegido dentro do local sagrado. Ajoelha-se e une as mãos. Seus olhos visitam as imagens santas e se fixam em Maria – mãe de Jesus -. Fecha os olhos, reza e pede proteção. Abre o peito e dialoga mentalmente com Maria. Diz-se preocupado com a saudade que toma o seu pensamento, principalmente quando tenta dormir. Reconhece que o transe do sonho tem seu lado agradável, pois lhe permite prolongar e reviver momentos agradáveis, todavia em não sendo real, machuca-o. Será que vale a pena sorrir e depois chorar? Doce dilema! Grande angústia!
Deixa a igreja com a sensação de leveza na alma e no corpo. A noite chega. Apavora-se!
Fecha os olhos à procura do sono. Tenta deixar-se levar, todavia, a consciência dita a mensagem de que a metade do seu coração pertence àquela mulher e que a outra metade também.
Antes mesmo de se levar pelo sono, pede a Deus que o faça sonhar.......
..........com ela.
Sidney Tito

Crepúsculo de uma vida.

Crepúsculo de uma vida.

O coração, outrora vigoroso, quase parou..
A diabetes, traiçoeira e silenciosa, se instalou. Se abrigou.
O corpo robusto, repentinamente, murchou.
Assim, o contista emudeceu.
E ele chorou !

Seus olhos perderam o brilho.
Seu sorriso aberto, se fechou.
O contista emudeceu.
E ele chorou !

A menina com seu vestido colorido, seu andar dolente e seu sorriso brejeiro.
Todo esse requebrar malicioso e sensual, para o velho contista nada dizia,
O contista emudeceu.
E ele chorou !

Bem à sua frente, o beija-flor ia de flor em flor. Sua plumagem desenhava múltiplos arcos- íris.
Para o contista, nada dizia.
O contista emudeceu.
E ele chorou !

A manhã acordara e com ela toda a natureza também despertava. O vento soprava, os pássaros voavam, as flores dançavam, mas para o velho contista não havia alegria. O quadro apresentado nada dizia.
O contista emudeceu.
E ele chorou !

Na mente difusa do velho contista a fidelidade da linda Penélope para com Ulisses, o canto de sedução das Sereias ou o amor sem limite entre Romeu e Julieta, pouco importava.
Não havia poesia.
O contista emudeceu.
E ele chorou !
Chorou o velho contista..
Emudeceu.
E assim ficou..

Sidney Tito
Junho/2014.

Reflexão

Reflexão.

Segue o homem a estrada margeada por árvores, plantas e flores de pequeno porte. O contraste do verde forte e as flores de matizes diversos transformam o local em um quadro real de beleza e esplendor. As pupilas sorriem diante de tão belo jogo de cores.
Se as pupilas sorriem extasiadas, a mente fabricava sonhos onde as noites escuras eram iluminadas por milhões de vaga-lumes. Figurativamente essas noites escuras são os pensamentos tristes que, por força do entusiasmo, não permitia que a penumbra imperasse totalmente. Há lágrimas que denotam felicidade ou tristeza, isto faz parte da vida. Há um mistério não decifrado sobre as lágrimas, pois se há tristeza, as lágrimas são salgadas, todavia, em havendo alegria, essas gotas também são salgadas. Por que não serem doces?
Nesses sonhos, a brisa nascia por força do voar das pombas brancas, que simbolizavam a paz. No decorrer da vida, por mais que se queira alcançar o Éden, o purgatório é passagem obrigatória, pois os pecados têm que ser purgados. E na pesagem do mal ou do bem fica aferido o quantitativo deles e daí o tempo é chamado a ditar a liberdade imediata ou apresentar a chave da prisão.
E o homem segue a trilha da vida. Vai calmamente. Não há pressa.
Vê e curte suas obras. O bem material pouco lhe importa, mas foca-se nos filhos, nos netos e na natureza que ajudou a preservar. Sorri ao escutar o canto dos pássaros, o borbulhar das águas transpondo os obstáculos e o chuá-chuá das cachoeiras que se transformam em rios e que buscam o berço no abraço do mar.
Sobe a montanha da vida, vara as nuvens , pisca de namoro para as estrelas, cumprimenta o sol, beija a noite e chega ao Céu.
_ Boa noite, meu filho ! – diz-lhe São Pedro.
_ Posso entrar ? – pergunta o homem.
- Você não precisa pedir licença.
Sidney Tito.

Fim dos Tempos?

O orvalho em forma de gota se lança sobre a flor. A gota deslizando sobre as pétalas provoca uma doce e suave sensação de prazer. A flor, então, se abre em sorrisos. O quadro traduz em misto de ternura, amor e pureza.
O sol preguiçoso se dispõe a acordar. A lua que, durante a noite permaneceu acesa, cutuca o astro rei para que ele exerça sua missão. Morfeu beija a face da lua e ela passa a dormir tranquila. Tudo é paz.
As borboletas fazem algazarra pulando de flor em flor, já os pássaros fazem-lhes cócegas bicando-as delicadamente. Não existia estação de ano perene: elas de confundiam e se mesclavam para permitir agradável sensação térmica. O tempo não tinha início ou fim.
As fontes dos rios eram puras , cristalinas e abundantes. As águas mergulhavam do pico às piscinas naturais, daí seguiam , sem traçado certo , pulando de pedra em pedra rumo ao abraço do mar.
As árvores todas viçosas exibiam orgulhosamente seus frutos saudáveis e suculentos. Tudo fazia parte de um recreio sem fim. Outros pássaros riscavam o céu azul executando piruetas acrobáticas e vôos singulares. Não existia a vaidade em querer se mostrar em sinal de exibicionismo. A porfia entre eles não visava a vitória e sim um exercício para o qual não haveria vencido nem vencedor.
A noite era de total festa. As estrelas de mãos dadas dançavam cirandas ao redor da lua. As fadas desfilavam em corsos puxados por ginetes fogosos, alvos e alados. Pégaso era o mais agitado. Assim o tempo fluía.
Despertando da primazia, das benesses e da tranquilidade do Edem, o casal Adão e Eva, que não conhecia a maldade e o pecado, desperta. Ambos dormiam abraçados e seus sonhos eram de pureza absoluta.
A maçã é lançada pela serpente invejosa e o fruto cai sobre o colo de Eva. Ela sacia sua fome e oferece ao querido e inocente Adão. O casal consome o "fruto proibido". Assustada , Eva, fica ruborizada ao descobrir a nudez do parceiro e este, tampa os olhos, para tentar não ver as formas da companheira. O pecado então se fez. Tudo mudou !
Netuno zangado acordou o mar e este, revoltado, tomou a forma de um tsunami. O céu se tomou de um vermelho tenebroso. A noite escondeu a lua e as estrelas. Deus falou através do trovão. Os relâmpagos pareciam espadas sacadas dos coldres, pois refletiam a luz em feixes múltiplos. A serpente, deixa no ar o som de sua gargalhada, enquanto os arcanjos a expulsam do paraíso.
A terra passa a conhecer as mazelas das "pragas do Egito", das guerras entre os irmãos, das doenças, das epidemias, das traições, prova o sangue de Abel e assiste o terror do holocausto. Jesus, para aliviar os pecados do mundo, se deixa crucificar. O céu se faz negro outra vez. O mundo geme e o homem chora. 
Fim dos tempos ?

Sidney Tito.